Prof. Sérgio A. Sant’Anna
Redação e Atualidades - Certo Vestibulares
Nesses 40 anos de vida, dezenove deles dedicados ao Magistério, passei por diversas experiências – como docente e como ser humano. Perdi dois tios muito jovens (19 e 24 anos), um deles através do suicídio; vi, também alguns primos de segundo e terceiro graus eliminando a própria a vida, além de amigos e alunos. Portanto, o assunto a ser debatido, demandado, pesquisado, alavancado é o “Alto índice de suicídio entre os jovens no Brasil”. Números que preocupam e necessitam serem sanados. Mas antes disso a discussão deve acontecer e não ser jogada para debaixo do tapete como vem sendo feito. Estamos tratando nossa população com doenças psíquicas como os antigos e sua Nau dos Loucos.
Drogas, Bullying, Depressão, Abuso Sexual são situações que levam os nossos adolescentes a cometerem o suicídio. De assunto mantido entre quatro paredes a tema de série na internet, o suicídio de jovens cresce de modo lento, mas constante no Brasil: dados ainda inéditos mostram que, em 12 anos, a taxa de suicídios na população de 15 a 29 anos subiu de 5,1 por 100 mil habitantes em 2002 para 5,6 em 2014 - um aumento de quase 10%. Os números obtidos com exclusividade pela BBC Brasil são do Mapa da Violência 2017, estudo publicado anualmente a partir de dados oficiais do Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde. Um olhar atento diante de uma série histórica mais longa de dados permite ver que o fenômeno não é recente nem isolado em relação ao que acontece com a população brasileira. Em 1980, a taxa de suicídios na faixa etária de 15 a 29 anos era de 4,4 por 100 mil habitantes; chegou a 4,1 em 1990 e a 4,5 em 2000. Assim, entre 1980 a 2014, houve um crescimento de 27,2%. Em números absolutos, foram 2.898 suicídios de jovens de 15 a 29 anos em 2014, um dado que costuma desaparecer diante da estatística dos homicídios na mesma faixa etária, cerca de 30 mil. "É como se os suicídios se tornassem invisíveis, por serem um tabu sobre o qual mantemos silêncio. Os homicídios são uma epidemia. Mas os suicídios também merecem atenção porque alertam para um sofrimento imenso, que faz o jovem tirar a própria vida", alerta Waiselfisz, coordenador da Área de Estudos da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).
Os números acima só demonstram a nossa falta de habilidade para lidar com o assunto, mantendo-nos em silêncio, um argumento dos novos tempos, pois nos sacia diante da zona de conforto da pós-modernidade. Preferimos ver a morte a ter que ajudar um necessitado, e, ainda, falamos em altruísmo – hipocrisia. Uma das causas dessa tragédia, reflete-se diante da depressão, uma doença, ainda, vista por muitos como uma “frescura”, porém o novo “Mal-do-Século”, cabendo à família atentar-se aos sinais despertados pelo seu ente, assim como acontece diante ao acompanhamento dos sites e acessos de seus filhos nas redes sociais, que muitas vezes estimulam esta prática através de jogos como “Baleia Azul”. Livros e séries como: “Os trezes porquês” retratam esse universo e merecem nossa atenção não só como leitores, porém como seres humanos.
Enquanto nos mantermos inertes e achando isso tudo uma bobagem veremos nossa população jovem ser dizimada por esse problema silencioso, que requer um pouco mais de humanismo da nossa parte. Uma somar de forças entre Família, Escola e Governo, pois este é um caso de saúde e merece o alerta desse órgão, também. E como professor de Redação e Atualidades essa é uma temática pertinente a ser debatida e que pode ser posta como Redação ENEM-2018, pois ronda o universo dos nossos vestibulandos.
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